Será que fazer jejum é saudável para o nosso sistema digestivo?


Fazer jejum é cada vez mais popular hoje em dia, não só por uma questão espiritual, mas principalmente porque se achar que ajuda a emagrecer e melhorar a nossa saúde. Mas será que é saudável para o nosso sistema digestivo?

Será que o jejum é saudável para o nosso sistema digestivo

A verdade é que jejuar é uma prática ancestral muito associada à espiritualidade e purgação do corpo. E embora tenha sido feito ao longo de todos estes séculos, ainda é difícil saber quais os seus verdadeiros efeitos para a nossa saúde, visto que existe tanta informação contraditória acerca dos seus benefícios e o tipo de jejum a utilizar.
Actualmente, o jejum intermitente está na moda como sendo uma solução rápida e eficaz de perder peso e mantermo-nos saudáveis. Contudo, intercalar tantas horas sem comer nada com um período limitado de tempo em que podemos comer o que quisermos, levanta muitas questões até que ponto pode ser saudável para toda a gente?

Ok, não aconselham que seja feita por crianças, pessoas idosas, grávidas, pessoas que sofram de tensão baixa, obesidade, hipoglicémia, anemias ou doenças crónicas. Mas mesmo assim estamos a esquecer de um factor muito importante, o sistema digestivo e o estilo de vida de cada pessoa.

Como já disse várias vezes, a capacidade digestiva de cada pessoa é diferente, assim como as suas exigências diárias físicas e psicológicas. Ou seja, para quem tem um sistema digestivo mais sensível, este tipo de jejum intermitente, pode ajudar a emagrecer, mas também pode agravar ou desregular o seu sistema digestivo.  Por isso, antes de pensar em fazer jejum deve-se ter em conta como o nosso organismo vai reagir e quais os reais benefícios que este pode trazer.

Não estou a dizer que fazer jejum não seja saudável, pelo contrário até pode auxiliar na manutenção e recuperação do nosso sistema digestivo quando utilizado adequadamente e de acordo com as necessidades do nosso corpo.

Que tipo de jejum pode ser saudável para o nosso sistema digestivo?

Sim, fazer jejum ajuda a perder peso, porque deixamos de comer o que normalmente o nosso corpo está habituado a consumir. Mas acima de tudo, o jejum sempre foi uma prática utilizada para a limpar o corpo e dar descanso ao nosso sistema digestivo. Principalmente, com a nossa alimentação actual e o aumento continuo de pessoas com problemas digestivos, este tipo de tratamento pode ser uma mais valia.

Basta recordar alguma vez que estivemos doentes e que comer apenas caldo ou a canja de galinha nos primeiros dias, foi o melhor remédio. Porquê? É uma sopa nutritiva, saborosa e muito fácil de assimilar pelo o nosso sistema digestivo, o que permite que este descanse e guarde a sua energia para se regenerar e recuperar.

Ou seja, fazer jejum não quer dizer que não podemos comer nada durante longos períodos de tempo. Aliás, para que este seja benéfico temos que ouvir e respeitar as necessidades do nosso corpo.

Será que o jejum é saudável para o nosso sistema digestivo

Por exemplo, na nutrição Ayurvédica é utilizado o jejum como tratamento de vários problemas digestivos, contudo não é aconselhado deixar de comer completamente. O jejum no Ayurveda significa comer uma dieta leve e que o paciente consiga digerir naquele momento. Normalmente, uma dieta liquida de sumos e caldos que permitem hidratar o corpo e deixar o sistema digestivo descansar e recuperar para eliminar as toxinas e reforçar o seu sistema imunitário.

Desta forma, deixo aqui algumas dicas para quem quer fazer um jejum saudável e adequado ao seu sistema digestivo. Contudo, recordo que é sempre importante falar antes com um médico ou especialista de forma a verificar o que é melhor para a sua saúde e condição digestiva.

O que ter em conta quando para fazer jejum:

1. Jejum não implica obrigatoriamente deixar de comer.
O princípio mais importante é permitir que o nosso organismo descanse e regenere por um curto período de tempo, mas sem o colocar num esforço extremo quer físico como psicológico. Comecem antes por eliminar alimentos mais inflamatórios e pesados de digerir como açucares, hidratos de carbono refinados, comida processada e com aditivos, fritos, álcool e café. Optem antes por refeições leves e hidratantes como sumos, tisanas, caldos de legumes e cereais e canja. Guardando sempre a refeição mais nutritiva e saciante para a hora do almoço. No caso de sentirem muita falta do açúcar podem optar por frutas e legumes doces para compensar.

2. A melhor altura para fazer jejum.
Nem toda a gente tem a necessidade ou capacidade física e mental para fazer um jejum semanal como está agora na moda. Como já disse anteriormente, o jejum é benéfico para o nosso sistema digestivo se o ajudar a descansar e recuperar. Por isso, o mais indicado será começar por fazer um jejum de 1 a 2 dias no máximo na mudança de cada estação do ano. Como forma de ajudar o corpo a desintoxicar-se e prepará-lo para a mudança de alimentação e temperatura da nova estação.

Também pode ser uma ajuda quando nos sentimos mais inchados, pesados e cansados ou com indigestão por comer em excesso. Mas neste caso o mais indicado será seguir um dos princípios base da nutrição, que é jantar cedo uma refeição mais leve que permita ir deitar com a digestão já feita e enquanto dormirmos deixar o sistema digestivo assimilar os nutrientes, eliminar as toxinas e descansar até um período de 12 a 14h sem comer.

3. Evitar passar do 8 para o 80.
Passar de um jejum de várias horas com pouca comida para a nossa alimentação normal ou voltar a comer em quantidades exageradas, por norma não tem bons resultados para o nosso sistema digestivo que passa de um momento para o outro a fazer um grande esforço digestivo. Deve haver uma adaptação do trabalho digestivo.

Por isso, o aconselhado depois de terminar o jejum, é fazer pelo menos um dia com uma dieta semi-sólida e só depois passar para a alimentação normal. Pode-se começar o dia com um pequeno almoço com fruta e papas de cereais e depois um almoço leve, mas já com alimentos sólidos (estufados ou cozidos).
O ideal será mesmo fazer esta dieta semi-sólida também antes de começar o jejum para ir já habituando o sistema digestivo à alteração.

4. Nem toda a gente deve fazer jejum ou pode fazê-lo de modo regular.
Além do tipo de pessoas que já foi referido antes e salientar que devem sempre consultar o vosso médico para ver o que se adequa mais para o vosso organismo. Convém dizer que mesmo as pessoas saudáveis quer pelas suas condições físicas como psicológicas, um jejum regular ou extenso pode não ser o mais indicado. Pois, dependendo da sua actividade física diária, fazer um jejum pode ser extremamente duro e esgotante, causando fadiga, irritabilidade e muita fome. Claro que durante um jejum ou dieta leve, é normal sentir um ligeiro cansaço e dor de cabeça devido à eliminação das toxinas, mas apenas numa fase inicial. Se estes sintomas persistirem o melhor será mesmo parar de jejuar.

O recomendado será fazer jejum em dias calmos, de descanso e menor actividade física para evitar desidratar e esgotar o nosso corpo e mente. Não sendo também nada bom fazer no Verão devido às temperaturas elevadas.
Fazer meditação e escrever o que sentimos durante este processo, podem ser algumas das boas práticas que ajudam a conseguir gerir melhor este período de jejum.

Espero que estas dicas vos possam ajudar e fico a aguardar os vossos comentários e sugestões aqui no blogue ou na página do Facebook. 

Já experimentaste fazer jejum ou estás a pensar fazer? Porquê o fizeste e quais foram as principais dificuldades digestivas que sentiste?

Um bom fim de semana calmo e relaxante!

Nutri.Healthy.Alex

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