A diarreia crónica na síndrome do intestino irritável é um dos sintomas mais condicionantes desta doença e que limita bastante a qualidade de vida de quem sofre este problema. Mas quais são as suas causas e como eliminá-las?
Tal como na obstipação, a diarreia crónica é uma condição digestiva grave que debilita o nosso corpo quer fisicamente como psicologicamente. Tratar este sintoma sem conseguirmos eliminar a sua causa não é a melhor solução, pois estamos a adiar um problema que ao longo do tempo vai-se repetir e pode agravar-se em doenças mais graves como desnutrição, inflamação do intestino e depressão.
O que é a diarreia crónica na síndrome do intestino irritável e como pode afectar a nossa saúde?
A diarreia crónica na síndrome do intestino irritável é um dos sintomas mais associados ao excesso de mobilidade intestinal e à perda do controlo na evacuação das fezes. Para a maioria de nós que já sofreu de uma intoxicação alimentar ou uma virose, sabe bem como esta condição é incapacitante. Mas, no caso do intestino irritável, estes episódios são mais frequentes podendo mesmo ocorrer várias vezes por mês e estão normalmente associados a situações de ansiedade, stress emocional ou a intolerâncias alimentares. A falta de controlo sobre este sintoma coloca em causa não só a rotina diária da pessoa como também a sua alimentação e saúde.
Para além da perda de controlo na mobilidade intestinal, este tipo de diarreia pode vir também acompanhada de cólicas intensas, inchaço e muco, bem como alternância com períodos de obstipação. Por isso, quanto maior é a frequência destas crises, maior é a probabilidade de afectar a nossa saúde quer a nível de:
Sinais de desidratação e desnutrição
A passagem rápida das fezes e a falta de absorção de água no intestino podem originar casos de desidratação e desnutrição. Depois aliada a esta perda de capacidade de absorção da água e nutrientes vem a dor e frustração que a pessoa sente nestas crises. Porque deixa de saber o que deve comer. E começa a sentir medo se o que ingerir lhe vai causar mais dor e diarreia. Deixando de hidratar-se com a ingestão mínima de água e sais minerais.
Desequilíbrio da flora intestinal e inflamação
Apesar dos parasitas e fungos poderem não ser a causa deste tipo de diarreia, a frequência destas crises pode levar ao desequilíbrio da flora intestinal devido à eliminação das boas bactérias ou estas morrerem por falta de alimento. Este desequilíbrio pode levar ao crescimento excessivo de outras bactérias invasoras ou à inflamação da parede intestinal, uma vez que o intestino fica mais sensível e com o sistema imunitário mais fraco. A longo prazo pode mesmo dar origem a graves inflamações intestinais como colites ou tumores.
Dor abdominal e mobilidade do intestino desregular
Apesar de não existirem lesões no aparecimento da síndrome do intestino irritável, esta é conhecida pela sua extrema sensibilidade à dor que as pessoas sentem. E a diarreia não é excepção, aliás quanto mais esta se prolongar maior é o agravamento dos seus sintomas. Por outro lado, vai haver uma desregulação permanente da mobilidade intestinal, visto que ao longo do tempo há alguma perda de coordenação na contracção e relaxamento da parede intestinal durante a evacuação das fezes.
Fadiga mental e agravamento dos problemas digestivos
Como o factor emocional é um grande influenciador desta doença, a parte psicológica e digestiva estão interligadas. Ou seja, se estamos ansiosos ou stressados isso afecta a nossa digestão e o aparecimento da diarreia. E ao sofrermos da crise de diarreia que interfere com a nossa vida diária e nos deixam esgotados, é claro que aumenta a nossa ansiedade. Desta forma podemos entrar num ciclo vicioso da ansiedade que agrava os sintomas digestivos e vice versa.
Causas que contribuem para a diarreia
As causas mais comuns e que contribuem significativamente para agravar este tipo de diarreia são:
- O stress e a ansiedade;
- Má alimentação com excesso de alimentos inflamatórios ou excesso de ingestão de fibra;
- Intolerâncias alimentares (lactose, cafeína, glúten, hidratos de carbono simples);
- Inflamação do intestino;
- Má digestão e absorção dos alimentos;
- Efeito secundário da medicação ou o abuso de laxantes que interferem com os movimentos intestinais;
- Hipertireoidismo;
- Alterações hormonais (gravidez, sintomas pré menstruais);
- Crescimento excessivo de bactérias.
Soluções que ajudam a cuidar e regularizar o teu intestino
Parece cliché, mas um dos procedimentos mais importantes a fazer para atenuar os sintomas da diarreia e prevenir o seu reaparecimento passa por mudar a nossa alimentação e estilo de vida.
Claro que durante a crise de diarreia é importante acabar com a dor e desconforto, podendo mesmo ser necessário recorrer a medicação. Mas não actuem apenas quando a diarreia acontece e depois voltam aos velhos hábitos sem perceber a verdadeira causa destas crises! Procurem a solução que vos ajuda a acabar com este problema e a recuperar o equilíbrio da vossa saúde digestiva.
E as soluções que vos indico abaixo podem fazer a diferença em ajudar-vos a criar pequenos hábitos para mudarem o que comem, relaxarem mais e cuidarem melhor do vosso sistema digestivo.
1. Manterem-se hidratados e nutridos. Beber água é essencial para o nosso bem estar, especialmente durante as crises de diarreia em que é mais provável ficar desidratado e sem energia. Tal como referi acima, a pessoa ficar com o medo de comer é normal durante a diarreia. E a verdade é que não faz mal. Pois o importante é manter-se hidratado para evitar problemas mais graves de saúde, por exemplo pode beber apenas uma água com limão, açúcar e sal. Aliás, sugiro que nos primeiros dias façam um descanso digestivo com uma dieta mais leve e líquida, ingerindo apenas sopas, caldos, puré, água entre as refeições e chás que ajudam o sistema digestivo a recuperar e nutrir-se. E evitar os alimentos que temos mais dificuldade em digerir como frutas e vegetais crus, carne, leguminosas e lacticínios.
2. Intolerâncias alimentares e a dieta fodmap. Uma das principais causas da diarreia osmótica é a intolerância ou dificuldade de digerir certos alimentos, que por sua vez ao não serem absorvidos causam o excesso de presença de água nas fezes. Os mais conhecidos são a lactose, a fructose e o sorbitol ou seja os fodmaps (hidratos de carbono fermentáveis). Se é este o vosso caso, provavelmente já deram conta que determinados alimentos agravam a vossa diarreia. O que esta dieta pobre em fodmaps faz é eliminar estes alimentos com fodmaps de forma a reduzir os nossos sintomas e ajudar o nosso sistema digestivo a recuperar. Muitas vezes não quer dizer que tenhamos de deixar de consumir estes alimentos. Apenas temos que aprender a conhecer as quantidades que o nosso corpo consegue tolerar e digerir.
3. Reduzir os alimentos processados e inflamatórios. O consumo excessivo de açúcar e adoçantes são a principal causa de inflamação e desregulação da flora intestinal. Por outro lado, o café, o álcool, os conservantes, edulcorantes e gorduras saturadas também são ingredientes difíceis de digerir e que irritam a parede intestinal levando a casos de inflamação e estímulo da mobilidade do intestino que agrava a diarreia.
4. Reduzir o consumo de fibra. Apesar de ser indicado um consumo médio de 30g de fibra por dia, este valor depende da tolerância de cada pessoa para manter o seu intestino regulado. E no caso de diarreia, a fibra deve ser consumida com extremo cuidado e de acordo com a necessidade do sistema digestivo da pessoa. Porque ao contrário da obstipação, a fibra que ajuda na hidratação e movimento das fezes não é o mais indicado para quem tem tendência a sofrer de diarreia. Neste caso, o melhor será reduzir o consumo de fibra durante o período de diarreia e lentamente ir introduzindo na sua dieta as sementes de psílio com água, uma vez que são das poucas fibras solúveis que ajudam na consistência das fezes tanto na diarreia como obstipação.
5. Medicação e regularização da flora intestinal. Como disse anteriormente, a medicação pode ser necessária em casos de graves de diarreia, inflamação e desidratação. O mesmo se passa com a parte emocional e a necessidade de recorrer a medicação para estabilizar a nossa ansiedade. Contudo a adição das outras soluções que descrevo agora, desde a mudança de alimentação às terapias, são todas mais valias que ajudam numa melhor recuperação do nosso equilíbrio emocional e regularização da flora intestinal. Actualmente também é recomendado o consumo de probióticos através de suplementos ou fermentados naturais (iogurte). Contudo no caso da síndrome do intestino irritável e diarreia é preciso ter muita atenção no tipo de probióticos adicionados à nossa flora, pois podem também aumentar a presença de bactérias indesejadas ou agravar os sintomas de inchaço, flatulência e diarreia.
6. Terapias alternativas para a ansiedade. Além da alimentação, a ansiedade e o stress são outros dos grandes motivadores para as crises de diarreia, que por sua vez causam mais stress e preocupação. Quebrar este ciclo implica aprender a controlar a nossa ansiedade. E as terapias e tratamentos que sugeri para relaxar podem ser uma óptima solução que têm tido grandes resultados nestas situações emocionais.
7. Relaxa e mexe-te! Hoje em dia vivemos constantemente em tensão e isso não é nada bom para o movimento peristáltico que fica sempre em contracção. Praticar exercício físico diariamente, não só ajuda a relaxar a musculatura como promove a circulação sanguínea do sistema digestivo e o movimento dos intestinos. Não é preciso fazer um grande esforço físico, aliás nestes casos basta uma breve caminhada para relaxar ou então escolher fazer actividades que ajudam a descomprimir e a alongar o corpo como a dança, o yoga e o pilates.
Estas são algumas das minhas sugestões que vão ajudar-vos a eliminar a diarreia e a recuperar a vossa saúde digestiva. Porque para cada problema existe uma solução, certo?
Por isso não desistam! Procurarem informações, falem com especialistas e encontrem um bom acompanhamento para a vossa solução!
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A todos uma boa semana sem stress!
Nutri.Healthy.Alex