Hoje quero dar-vos dar a conhecer um pouco mais sobre a síndrome do cólon irritável e como a mais recente descoberta da dieta Low FODMAP ajudou-me a diminuir os meus sintomas.
A síndrome do cólon irritável ou intestino irritável, é uma uma perturbação gastrointestinal que origina diversos sintomas digestivos crónicos e recorrentes como a dor abdominal (cólicas), a flatulência (eliminação dos gases), o ventre inchado, a diarreia e obstipação. Ou seja, as pessoas com síndrome de cólon irritável têm o tecido muscular do intestino mais sensível e que reage mais intensamente aos estímulos ao qual é sujeito, como a sua alimentação e o stress. No meu caso, estes sintomas começaram a manifestar mais intensamente durante as minhas temporadas de exames e trabalhos na faculdade. Claro que a minha alimentação nessa altura não era muito saudável. Aliás foi nessa altura que fui aconselhada pelo médico a ter uma alimentação mais rica em fibra e a praticar exercício físico como forma de minimizar os meus sintomas e a evitar o risco de depender de uma medicação regular.
Por norma, depois de vários exames e excluídas outras doenças potencialmente mais graves, o diagnóstico da síndrome do cólon irritável é clinicamente auxiliado pelos critérios como o de Roma III. Neste é avaliada a presença de dor ou desconforto abdominal pelo menos três vezes por mês durante os últimos três meses e na ausência de outras causas para essas dores. A dor abdominal ocorre frequentemente depois das refeições e alivia após a defecação ou emissão de gases. A dor localiza-se, geralmente, na parte inferior do abdómen. Também pode causar diarreia três ou mais vezes por dia, com uma sensação de urgência; obstipação com três ou menos evacuações por semana de fezes duras; sensação de evacuação incompleta; presença de muco nas fezes e flatulência.
As causas da síndrome cólon do intestino irritável ainda continuam por estar comprovadas. Mas até hoje, continua-se a afirmar que a causa mais plausível seja uma combinação de factores físicos e emocionais. Não é por acaso que o nosso sistema digestivo seja considerado como o nosso segundo cérebro. Pois este também é afectado directamente pelas nossas emoções e inquietações. Por outro lado, é ele que ingere, digere e elimina tudo o que introduzimos no nosso organismo. E eu que o diga!
Tal como a sua causa, também a sua cura continua por descobrir. Apesar de os sintomas poderem ser aliviados em muitos casos com uma alimentação saudável e o exercício físico, ou nos casos mais graves com medicação e tratamento psicoterapêutico. O problema é que estes tratamentos continuam a ser muito restritivos e específicos a cada paciente. E em alguns doentes acabam por ser pouco sustentáveis, agravando-se cada vez mais.
Contudo, nos últimos anos tem estado cada vez mais em voga e com resultados mais estáveis a dieta pobre em FODMAPs (sigla em inglês para Fermentable Oligo-saccharides, Disaccharides, Mono-saccharides and Polyols). Esta teoria foi desenvolvida pela Dra. Sue Shepherd em 1999, que conseguiu ao longo destes anos demonstrar óptimos resultados no controlo dos sintomas do cólon irritável de uma forma bastante acessível e permanente. É interessante ressaltar que esta dieta foi capaz de reduzir os sintomas em 70 a 80% dos casos estudados, o que é bastante positivo.
Mas o que é a dieta pobre em alimentos FODMAPs?
É do senso comum a existência de alimentos mais difíceis de digerir e suscitáveis de originar gases, como é o caso de algumas leguminosas, o álcool, as bebidas gaseificadas e as gorduras. Alimentos que eu também fui sempre aconselhada a reduzir e para alguns a deixar de ingerir para aliviar os meus sintomas. Mas o que esta tese veio a divulgar e testar com grande sucesso, é que as pessoas com esta síndrome ou outros problemas digestivos têm tendência a reagir não só a estes alimentos já conhecidos, como também a qualquer outro alimento que seja constituído por elevadas quantidades de hidratos de carbono fermentáveis como as moléculas Oligossacárideos (ex. cebola, alho e trigo), Dissacarídeos (ex. Lactose), Monossacarídeos (ex. alimentos com excesso de frutose) e Polióis (ex. aditivos e adoçantes artificiais como sorbitol e xilitol), ou seja, os denominados FODMAPs.
Isto é, existem pessoas em que estas moléculas são mal absorvidas pelo intestino delgado por falta de enzimas especificas e que acabam por seguir para o seu intestino grosso aonde são digeridas e fermentadas pelas bactérias lá presentes, originado o excesso de gases que causam a dor, a distensão abdominal e os outros sintomas comuns nos doentes da síndrome do cólon irritável.
Assim, a origem e o desenvolvimento da aplicação desta dieta teve como objectivo reduzir o consumo destes alimentos, bem como, descobrir para cada doente quais os FODMAPs que são mais reactivos e causadores destes sintomas e qual o limite da sua quantidade ingerida diariamente que será tolerada pelo nosso intestino.
Como referi anteriormente, esta dieta tem tido bons resultados na minimização destes sintomas crónicos e tem ganho uma fama cada vez mais positiva a uma escala mundial. Por isso, vou continuar a falar desta dieta e a sua aplicação nos próximos artigos, com a esperança que vos ajude também a dissipar as vossas dúvidas que ainda ficaram por explicar como por exemplo, saber quais são afinal os alimentos que são considerados FODMAPs e como testar a sua reacção?